Boston Metal vai recuperar metais de alto valor a partir de rejeitos de mineração utilizando nova tecnologia

Empresa inaugurou a primeira unidade no mundo com tecnologia Eletrólise de Óxido Fundido

Por Conexão Mineral 07/03/2024 - 22:45 hs
Foto: Boston Metal Brasil
Boston Metal vai recuperar metais de alto valor a partir de rejeitos de mineração utilizando nova tecnologia
Unidade da Boston Metal Brasil em Coronel Xavier Chaves (MG)

A Boston Metal do Brasil, sediada em Coronel Xavier Chaves (MG), inaugurou hoje (7/3) a primeira unidade mundial com a tecnologia Eletrólise de Óxido Fundido (MOE, na sigla em inglês). Com ela, vai extrair seletivamente metais de alto valor, como nióbio e tântalo, a partir de rejeitos de mineração, transformando materiais complexos e de baixa concentração de metais em uma fonte de receita e promovendo o uso mais eficiente dos recursos naturais.  

Por utilizar eletricidade de fonte renovável para o processamento do rejeito e a separação dos metais de alto valor, a Boston Metal do Brasil em Coronel Xavier Chaves vai operar com baixa emissão de CO2. 

A inauguração contou com a presença do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, de representantes de mineradoras e empresas metalúrgicas brasileiras e internacionais, além de investidores da Boston Metal global.  

“A MOE de Coronel Xavier Chaves é um vislumbre do futuro, o exemplo real de uma solução inédita, escalável, econômica e sustentável para a produção de metais e ligas a partir de uma grande variedade de matérias-primas”, diz o brasileiro Tadeu Carneiro, presidente e CEO de Boston Metal global, sediada em Woburn, nos Estados Unidos. “A MOE promoverá a economia circular e o progresso sustentável da metalurgia.” 

Expansão prevista 

A Boston Metal do Brasil prevê a produção de 720 toneladas de metais de alto valor em 2024. Até 2026 a capacidade será ampliada para até 10 mil toneladas/ano, com o que a empresa passará dos atuais 80 para 250 empregados. Outras unidades como a de Coronel Xavier Chaves deverão ser instaladas no Brasil. “Essas operações vão gerar receita e não nos desviarão de nosso objetivo maior, que é descarbonizar a produção de aço”, diz Tadeu Carneiro.  

Coronel Xavier Chaves, de 3.500 habitantes, foi escolhida para sediar a primeira operação por oferecer boa combinação entre a oferta de matéria-prima e de energia limpa, e por estar inserida em um ambiente sociocultural favorável, com profissionais familiarizados com a atividade de mineração. A planta foi erguida em tempo recorde. “Nossa instalação é uma prova da dedicação e experiência de nossa equipe”, diz o brasileiro Itamar Resende, presidente da subsidiária brasileira. 

Como funciona a MOE 

Matéria-prima (rejeito, em Coronel Xavier Chaves) é inserido na célula MOE e submetido a uma corrente elétrica de elevada amperagem entre um anodo positivo, no topo da célula, e um catodo negativo, na parte inferior. A corrente elétrica promove a obtenção do metal desejado, liberando oxigênio e, ao mesmo tempo, gerando altíssimas temperaturas que derretem o material, que é então vazado pela parte inferior, com alto grau de pureza.  

A célula MOE é modular e escalável de acordo com o volume de produção projetado. Para aumentar a capacidade, basta adicionar novas células ao processo. É também flexível. “Ela é viável mesmo a partir de minério ou rejeitos com níveis de concentração de metais muito abaixo do mínimo exigido hoje pelas indústrias do setor”, comenta Itamar Resende.  

A tecnologia MOE exige menor necessidade de capital quando comparadas a instalações metalúrgicas tradicionais. “Ela abre a possibilidade para que sejam instaladas unidades produtivas de pequena ou grande escala em qualquer lugar com acesso à matéria-prima e eletricidade, incluindo mercados emergentes, nos quais aumentará a demanda por metais nas próximas décadas devido à rápida urbanização”, afirma Tadeu Carneiro. 

Interesse mundial  

A tecnologia MOE chamou a atenção de investidores de grande relevância no mundo corporativo. Em três etapas bem-sucedidas de captação de funding, a Boston Metal levantou mais de US$ 350 milhões, atraindo investidores como a ArcelorMittal, maior siderúrgica global, as mineradoras BHP e Vale, a Microsoft e o Breakthrough Energy Ventures, fundo do bilionário Bill Gates para o investimento em soluções de energia sustentável. A Boston Metal é a única empresa que recebeu investimentos do IFC (braço privado do Banco Mundial) antes mesmo de começar a gerar receitas.